No Livro dos Espíritos, por Allan Kardec, capítulo “Lei de Sociedade”, o autor questiona aos Espíritos qual seria a consequência para a sociedade o relaxamento dos laços familiares. A resposta foi que seria o aumento do egoísmo.
Pessoas que reencarnam na mesma família, de acordo com o Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIV, “Honra a Teu Pai e a Tua Mãe”, são frequentemente Espíritos unidos por vidas anteriores, que se traduzem, às vezes, em afeição na vida terrena.
No entanto, pode acontecer de Espíritos sem afinidade, divididos por antipatias anteriores, de reencarnarem na mesma família para uma encarnação de prova. Através da visão espiritual, é possível entender os afetos e desafetos dentro de um núcleo familiar.
Porém, para o Espiritismo, é na família que mais você deve praticar a evolução moral. É o núcleo de pessoas mais importante para doar. Na maioria das vezes, a caridade deve ser para com aquele familiar que você não tem muita simpatia.
Segundo Joanna de Ângelis no livro “Constelação Familiar”:
“A família é a base fundamental sobre a qual se ergue o imenso edifício da sociedade”.
Uma família não é algo casual. Ela foi projetada antes da reencarnação, em que é feito programações com os Espíritos comprometidos, para os ajustamentos necessários ao progresso de todos. Por isso, todos reencarnam em um mesmo núcleo familiar, para haver reparação de faltas em vidas passadas e crescimento intelecto-moral dos envolvidos. Então, é na família que o caminho do progresso evolutivo começa a cada nova encarnação.
Por isso, nem sempre os Espíritos se sentem confortáveis com todas as pessoas que compõe sua família. Por adversidades do passado.
Aos espíritas, o que vale é cumprir bem sua jornada com sua família, principalmente com aqueles que não são tão queridos. São necessários os ajustes certos para que a união familiar se fortaleça.
A família é o meio do Espírito adquirir empatia, conviver com o diferente, adquirir tolerância, resignação e exercitar o perdão.
Há duas maneiras de perdoar: o primeiro é para mostrar o quanto é generoso, para ostentação, cheio de vaidade. A outra forma, é grande, nobre, generosa e não tem segundas intenções. Esse é o verdadeiro perdão que você deve praticar com os familiares.
O egoísmo também é um grande obstáculo para ter uma convivência de amor entre os familiares. De acordo com o Livro dos Espíritos, o egoísmo é o vício moral mais radical e é dele que deriva todo o mal. Ele é incompatível com a justiça, o amor e a caridade, portanto, incompatível com relações familiares saudáveis.
A chave para todo e qualquer relacionamento saudável e segundo os desígnios de Deus é o amor. Como é dito n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, “o amor resume toda a Doutrina de Jesus”. Ele está acima dos instintos primitivos que você ainda tem. Para praticar a lei do amor, é necessário evoluir ao ponto de amar todos os irmãos da Terra. O primeiro passo é na família, já que no ápice da evolução, a humanidade toda será sua família. O amor oferece a você coragem, perseverança, perdão, compreensão e confiança em Deus para tratar bem àqueles que causam mal a você.
A tarefa mais importante é construir uma boa convivência na família. A partir disso, o egoísmo se quebra pouco a pouco, e então você será um ser humano melhor em toda sociedade, no seu emprego, nas suas relações interpessoais; com o ambiente e até consigo mesmo.
Nosso lar é uma espécie de escola que Deus criou para que você vivencie o amor de diferentes formas, com diferentes pessoas.
Como colocado no livro “Jesus no Lar”, pelo Espírito Néio Lúcio, através de Chico Xavier, também há uma exemplificação do que significa a família. Néio Lúcio diz que a família é a primeira escola do Espírito e que é necessário aprender a viver entre quatro paredes em paz, para depois contribuir com o caráter evoluído na sociedade.
A solução para quem não se sente amado dentro da própria família é amar sem esperar retorno, orar pela intercessão divina e pelo seu próprio progresso espiritual. Uma solução é procurar conforto nos amigos e nos parentes mais distantes.
Não é necessário sofrer ao lado daqueles que machucam você, mas é necessário perdoar e não fazer igual, nem procure retaliação.
O amor é a solução, não importa quanto tempo demore. É imprescindível aprender a conviver com nossos desafetos quando são nossos familiares, porque é uma expiação ou prova de outra vida que você pediu para reparar.
E se, por acaso, esse amor não for retribuído, aquela pessoa ainda não entendeu que é um Espírito eterno e precisa evoluir. Aqui entra outra lição: ter empatia e compreensão de que o outro ainda não está preparado para aprender essa lição.
Amar ao próximo como a si mesmo é a maior expressão de caridade que você pode ter para com um desafeto. Praticar indulgência, benevolência e devotamento destrói o egoísmo, que é o maior inimigo das relações familiares.
Por fim, lembre-se que para Deus nada é impossível e temos infinitas oportunidades. Seja com outro dia ou em outra vida. O amor é a solução. Mesmo que seja difícil, o parente com quem você tem desavença é uma prova ou expiação em sua reencarnação.
É da família que os homens e mulheres vão para sociedade assumir outros postos. E é na família que a moral é melhorada, para que a sociedade também seja consequência de pessoas mais evoluídas e amadas, cujas relações familiares são o alicerce.