Recentemente, em uma notícia do dia 30 de dezembro de 2020, o jornal G1 publicou a seguinte matéria “Senado da Argentina aprova legalização do aborto no país”. E na visão espírita? O aborto é crime? Você tem o direito de abortar?
Na visão espírita, o aborto é considerado crime perante as leis divinas. Tais crimes são passiveis de serem expiados em outras encarnações. O aborto também é um crime conforme a legislação brasileira.
No Livro dos Espíritos – capítulo VII “Retorno À Vida Corporal”, a pergunta feita por Allan Kardec foi:
A resposta foi que, se praticado o ato do aborto, o que acontece é uma existência nula a recomeçar. Ou seja, foi tirada do Espirito que ia nascer a oportunidade de uma nova encarnação.
O segundo questionamento foi sobre o ato de abortar, se é considerado um crime, como citado abaixo:
O aborto é um crime, qualquer que seja a época de concepção?
A resposta foi: “Existe sempre crime quando transgredis a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa, cometerá sempre crime tirando a vida à criança antes de nascer, porque está impedindo, à alma, de suportar as provas das quais o corpo deveria ser o instrumento.”
Porém, é importante destacar: se a gestação coloca em risco a vida da mulher, o procedimento não é condenável pelo Espiritismo. A vida da mãe deve ser mantida em preferência do bebê.
De acordo com a legislação brasileira o aborto também é crime, que só prevê a regularidade do ato se:
Fora destas três situações que não são consideradas crimes pela legislação brasileira, outros fatores para cometer um aborto são puníveis pela lei.
De acordo com a lei brasileira, as consequências penais por um aborto são:
O Espiritismo salienta que ao praticar o aborto, uma interrupção está ocorrendo. É o impedimento de um Espírito possuir um corpo, uma história, uma vida inteira que já foi programada antes da concepção. Apesar do livre-arbítrio, a sabedoria para ser instrumento de Deus é essencial para compreender novas oportunidades em momentos de trevas. No caso do aborto, é a história de alguém que está se iniciando junto à mãe, ao pai e à família.
Sim, com o livre-arbítrio que Deus nos deu como direito, toda pessoa tem direito às próprias escolhas. Porém, pela Doutrina Espirita, é um crime contra os desígnios de Deus.
De acordo com a pesquisa “Aborto no Brasil: o que dizem os dados oficiais?” mulheres negras, indígenas, com baixa escolaridade, meninas na faixa etária de 14 anos ou mulheres mais de 40 são as mais procuram pela alternativa do aborto ilegal pela precariedade da vida que levam.
A taxa de mortalidade dessas mulheres é alta, por conta da imprecisão dos resultados e da infraestrutura clandestina em que ocorrem tais práticas, além dos profissionais que também estão cometendo um crime. As clinicas clandestinas não mantêm registros oficiais. O procedimento “padrão” é notificar o óbito ao familiar ou amigo que acompanhou a mulher ou adolescente. Não há amparo judicial para a morte de uma mulher que tentou um aborto ilegal.
Deus não irá lhe dar o fardo maior do que você pode suportar. A vida é o maior milagre que as mulheres podem gerar. Uma gestação não á fácil. Ao contrário, dá exaustão, sono, fraqueza, enjoos, mudanças no corpo, hormônios fervendo debaixo da pele; é preciso ter apoio não só de parentes e amigos, mas também o autocuidado.
Existe a síndrome pós-aborto que são sintomas de culpa, ansiedade, transtornos alimentares e psicológicos que podem acometer uma mulher que fez um aborto, mesmo que ela desejasse isso. Pode ser dito que são sintomas de uma mulher culpada, vítima de uma situação caótica e dolorosa, já que para tomar uma decisão de fazer um aborto, é provável que elas não vejam outra saída.
O que se trata neste artigo é mostrar a visão espírita. Não com os olhos perversos da carne que não visa amor, responsabilidade, união; mas o olhar que exige enxergar além da vida terrena. Não basta viver apenas por viver. Todos temos missões, expiações e provas a realizar na Terra.
O filme “Deixe-me Viver” (2016), mostra com clareza quais são as consequências para quem aborta e para o Espírito que perdeu a chance de ter uma encanação.
As consequências são variáveis, as expiações também. No entanto, na visão espírita, como colocado anteriormente nas respostas para Allan Kardec, o ato de abortar é um crime perante os desígnios de Deus.
Felizmente, através da reencarnação, Deus nos dá infinitas oportunidades para reparar quaisquer erros em nossas jornadas. Somos seres errantes, incapazes ainda, de viver sem cometer falhas. É por isso que sempre é nos dadas outras chances, outras oportunidades. Inclusive, através da gestação da mulher, é que um Espírito recomeça sua vida terrena para traçar um novo caminho por suas provas e expiações pessoais.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXII – “Não Separeis O Que Deus Juntou”, é colocado que os pais existem para amar, tratar e ajudar na evolução moral dos filhos. Se a escolha posterior à gestação for a de interrupção, os responsáveis pelo ato, em outro momento, talvez em vidas posteriores, serão chamados ao dever de reparar essa interrupção.
De acordo com a Doutrina Espírita, antes de reencarnar já escolhemos nossas provas e expiações. Então, será possível reparar quaisquer erros cometidos, porque Deus Pai é misericordioso.
Por fim, um último questionamento levantado por Allan Kardec:
É racional ter pelo feto a mesma atenção que se tem pelo corpo de uma criança que tivesse vivido?
A resposta foi: “Em tudo isso vedes a vontade de Deus e sua obra; não trateis, pois, levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da Criação, que são incompletas às vezes pela vontade do Criador? Isso pertence aos seus desígnios, que pessoa alguma é chamada a julgar.”
Portanto, não permita que um momento em que tudo parecer não ter saída e nem significado, se tornem motivos para você tomar uma decisão errônea para você e o vindouro Espírito que você está gestando.