Allan Kardec utilizou uma metodologia científica para codificar o Espiritismo.
O objetivo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (1864) é dissertar sobre a moral cristã, mas ainda há um trecho em que Allan Kardec escreve sobre “A Aliança da Ciência com a Religião”.
É colocado que não é preciso mais separar Religião e Ciência. A Ciência, depois da codificação do Espiritismo, pode deixar de tratar apenas de assuntos materiais. A Ciência pode estudar também o elemento espiritual.
Até hoje Ciência e Religião não se uniram. Porém, isso é possível para entender as leis do mundo espiritual e suas relações com o mundo material. Foi isso que Allan Kardec começou a fazer ao codificar o Espiritismo. Sua metodologia na codificação teve pilares científicos.
Antes de mais nada, é preciso explicar que a Doutrina Espírita tem um tríplice aspecto: científico, religioso e filosófico.
A Doutrina Espírita é Ciência porque estuda racionalmente e através de pesquisa empírica os fenômenos mediúnicos. Ou seja, a Doutrina Espírita é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos e suas relações com o mundo material.
O Espiritismo é uma filosofia já que propõe uma coerente e exata interpretação da vida. Como filosofia, a Doutrina Espírita explica as questões fundamentais da existência através das leis que regem o mundo espiritual e os Espíritos.
Allan Kardec fez uma investigação científica dos fenômenos mediúnicos.
As mesas girantes eram populares na época. Mesas girantes eram fenômenos mediúnicos em que várias pessoas se sentavam ao redor de uma mesa e colocavam as mãos sobre ela. A mesa então se movimentou.
Allan Kardec foi pioneiro ao propor uma abordagem empírica e racional para os fenômenos das mesas girantes. Uma abordagem empírica é necessária para a comprovação de algo, por meio de experimentos e/ou coleta de dados.
Isso aconteceu porque Allan Kardec percebeu que havia inteligência por trás dos fenômenos das mesas girantes. Elas começaram a responder perguntas com “sim” ou “não”, batendo o pé da mesa com um número determinado de pancadas.
Depois, Kardec utilizou um lápis preso em um cesto para identificar letras. O cesto se movia e o lápis preso pairava sobre as letras. Mais tarde, médiuns (que até então eram desconhecidos) começaram a escrever involuntariamente com o lápis em um papel. Ou seja, a vida inteligente por trás dos fenômenos também podia escrever. A partir daí Allan Kardec mesmo coloca, n’O Livro dos Espíritos (Introdução):
“Esses efeitos têm, necessariamente, uma causa, e do momento que eles revelam a ação de uma inteligência e uma vontade, saem do domínio puramente físico”.
Um aspecto central da codificação de Allan Kardec foi a naturalização do plano espiritual que foi comprovado como parte da natureza, regida por leis naturais possíveis de investigação científica. Ou seja, ele tratou o mundo espiritual como algo normal e não como algo “sobrenatural”.
As comunicações mediúnicas foram analisadas como evidências empíricas.
Através desse método, Allan Kardec elaborou os princípios fundamentais do Espiritismo.
No livro “O que é o Espiritismo?” (1859) Allan Kardec expõe noções preliminares sobre o Espiritismo. Ou seja, são algumas leis regentes na Doutrina Espírita que foram testadas e comprovadas como verdadeiras com base na metodologia científica.
Com base no livro “O que é o Espiritismo?” É possível distinguir os princípios fundamentais da Doutrina Espírita.
Há três elementos fundamentais para falar dos Espíritos:
Os Espíritos existem, então a dúvida sobre a vida após a morte já foi respondida. Além disso, os Espíritos vivem também no mundo material e podem se manifestar nele.
As relações entre o mundo espiritual e o mundo material podem ser ocultas ou patentes, espontâneas ou provocadas. Nada existe de sobrenatural nas manifestações espirituais. Elas são naturais e existem desde sempre.
As manifestações dos Espíritos podem ser:
Os médiuns podem ter variadas aptidões para a comunicação com o mundo espiritual.
Eles podem ser:
Uma obsessão é quando um Espírito ou mais exercem um poder negativo sobre uma pessoa encarnada, ou seja, que está viva na Terra.
Há três tipos mais comuns de obsessão:
A faculdade mediúnica é uma propriedade do organismo. Ela não depende das qualidades morais do médium para se desenvolver. Porém, a moral do médium precisa ser trabalhada e desenvolvida para que ele atraia Espíritos Superiores em seus trabalhos mediúnicos.
Além disso, médiuns que são moralmente mais elevados tem menos chances de sofrer obsessões. Por isso, são fundamentais o conhecimento e a prática correta da mediunidade.
Já que os Espíritos estão sempre em volta das pessoas encarnadas, existem também Espíritos ardilosos e mentirosos. Por isso, é necessário desconfiar de certas práticas de Espíritos Inferiores para ter certeza de que a comunicação é de um Espírito Superior.
A identidade dos Espíritos é uma das dificuldades do Espiritismo quando aplicado às comunicações e manifestações mediúnicas.
É possível entender então como o Espiritismo foi codificado com metodologia científica. Também é nítido o motivo da Doutrina Espírita ser considerada também uma ciência, já que foi baseada em pesquisa empírica e coleta de dados. Além disso, Allan Kardec expôs as noções elementares do Espiritismo através de sua pesquisa. São leis da Doutrina Espírita.