Chico Xavier dispensa apresentações. Ele foi um famoso médium brasileiro que faleceu em 2002. Desde criança, Chico Xavier mostrava sinais de mediunidade.
Mais tarde, estudou o Espiritismo com afinco e através das orientações de seu mentor Emmanuel, psicografou mais de 450 livros durante sua vida. Conheça algumas histórias incríveis de Chico Xavier.
Chico Xavier tinha um amigo de Belo Horizonte. Um dia o amigo falou para ele:
- Eu vou ao Centro Luiz Gonzaga sempre que consigo. Em minhas preces eu peço para ganhar na loteria.
Chico Xavier olhou com estranheza para o amigo. O homem continuou:
- Se eu ganhar vou dar vinte contos ao Centro Luiz Gonzaga.
Alguns dias se passaram e o amigo de Chico ganhou duzentos mil cruzeiros na loteria. Quando isso ocorreu, ele sumiu da cidade de Pedro Leopoldo, que era o local do Centro Espírita Luiz Gonzaga. Também era o lugar em que Chico Xavier fazia seus trabalhos espíritas. Se o amigo via Chico Xavier em Belo Horizonte, também o evitava.
Catorze anos depois o homem desencarnou. Alguns dias depois ele apareceu em uma das sessões no Centro Espírita Luiz Gonzaga.
- Chico! Chico! - Chamou o amigo querendo abraçá-lo. - Preciso pagar minha dívida e vim trazer o dinheiro!
- Fique calmo amigo. Agora é tarde. - Respondeu Chico Xavier. - Não se preocupe. Sua fortuna está em outras mãos.
- Por quê? - Quis saber o amigo. - O dinheiro é meu!
- Já foi meu irmão. Você está desencarnado. - Informou o médium.
O amigo de Chico gritou e chorou.
- E agora, o que eu faço? - Perguntou o amigo.
Chico Xavier respondeu:
- Esqueça da Terra. Todos nós somos devedores de Jesus. Vamos pagar nossas contas para Ele e está tudo bem.
E amparado pelos Espíritos de Luz do Centro Espírita Luiz Gonzaga, o amigo de Chico Xavier foi retirado, ainda chorando.
O Centro Espírita Luiz Gonzaga prosperou em seus trabalhos. Até que chegou alguns moradores da cidade pedindo ajuda para um cego que sofreu um acidente.
O mendigo cego era guiado por uma outra pessoa quando caiu do viaduto da Central do Brasil de uma altura de quatro metros. O guia do cego desapareceu e deixou o homem cuspindo sangue.
Chico Xavier alugou uma casa simples para o adoentado receber tratamento médico. No entanto, o homem precisava de cuidados de uma enfermeira. Chico Xavier rezava por ele todas as noites, mas durante o dia tinha que trabalhar como caixeiro viajante.
Nessa época em Pedro Leopoldo existia uma pequena folha semanal. Chico pediu que fosse publicada a solicitação de ajuda para o cego Cecílio durante o dia. Seis dias passaram e ninguém se voluntariou.
No final da semana, duas garotas de programa muito conhecidas em Pedro Leopoldo se apresentaram para Chico Xavier:
- Chico, nós duas lemos sua solicitação e viemos servir. Se pudermos.
- E por que não? - Perguntou Chico. - Entrem irmãs! Jesus vai abençoar as duas pela caridade.
E assim foi feito. Todas as noites, antes de irem embora, as duas mulheres oravam com Chico ao pé do adoentado. Depois de um mês Cecílio ficou melhor. Chico e as duas mulheres rezavam mais uma vez com o velhinho feliz. Quando Chico terminou a oração, umas delas confidenciou:
- Chico, a prece mudou nossas vidas. Vamos nos despedir. Estamos indo para Belo Horizonte para trabalhar.
Uma delas passou a trabalhar em uma tinturaria. A outra conseguiu se tornar enfermeira.
Quando Chico Xavier passou a trabalhar com o desencarnado Humberto de Campos, a viúva do homem ajuizou uma ação declaratória contra a Federação Espírita Brasileira e Chico Xavier.
Ela queria esclarecer se as obras eram ditadas por seu falecido marido de verdade. Se comprovado que eram, ela queria os direitos autorais dos livros. Humberto de Campos foi um famoso jornalista, político e escritor brasileiro.
A apreensão e o medo de Chico Xavier durante essa jornada foram enormes. Ele recebeu uma carta precatória com uma convocação para depor. Nesse momento, Chico Xavier se esqueceu de tudo. Ele não tinha a quem recorrer para esclarecer o assunto. A contragosto, Chico Xavier fez uma oração. Ele já estava pensando que ia parar na cadeia e sofrer chacotas, desprezos e humilhações. Sua mente ficou escura e ele só pensava no pior.
Quando Chico Xavier terminou a prece, Emmanuel foi responder. Ele não deu tempo de Emmanuel falar nenhuma palavra e foi logo desabafando:
- Meu Pai! Será que vou ser preso em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro? Se for aqui talvez eu sofra menos porque sou conhecido e todos os irmãos são piedosos e compreensivos, mas e se for no Rio de Janeiro?
Emmanuel foi em seu socorro:
- Meu filho, você é uma planta fraca para suportar a força das ventanias. Você tem que lutar muito para merecer ser preso e morrer pelo Cristo.
Depois de ouvir o conselho de seu mentor, Chico Xavier começou a chorar e ficou mais corajoso para sofrer qualquer provação. Sua fé também aumentou.
Chico Xavier foi empregado da Fazenda de Criação do Ministério da Cultura por mais de vinte anos em Pedro Leopoldo.
Uma manhã, quando caminhava para o trabalho, refletia sobre seus trabalhos mediúnicos. Ele estava atolado de problemas. Era muitos os adoentados pedindo socorro, aflitos que precisavam de preces, curiosos que pediam esclarecimentos e ateus que insistiam na obtenção da fé. Chico Xavier estava desanimado. Então Emmanuel apareceu para ele. O mentor apontou uma cena. Ele mostrou um lavrador que trabalhava com uma enxada no sol nascente.
- Você reparou? - Perguntou Emmanuel para Chico. - Guiada pelo cultivador, a enxada procura apenas servir. Ela não questiona se o terreno é seco ou pantanoso, se ela vai atingir o lodo ou bater nas pedras. Ela não questiona se vai ajudar na semeadura de flores, batatas, milho ou feijão. A enxada obedece ao lavrador e ajuda sempre.
Emmanuel fez uma pausa e continuou:
- Nós somos a enxada nas mãos de Jesus, o Divino Semeador. Você deve aprender a servir sem questionar.
Chico foi tocado pelo ensinamento e respondeu:
- É verdade! O desânimo é um veneno.
- Sim. - Concluiu Emmanuel. - A enxada que foge do trabalho cai na tragédia da ferrugem.
Emmanuel então se despediu. Chico Xavier foi trabalhar de coração agradecido.