São em momentos como os citados acima que, quando a perdição parece tomar conta, em que o suicídio falsamente se revela como a saída perfeita, afinal, existe modo mais eficaz de encerrar os problemas do que simplesmente deixar de senti-los?
Embora a ideia de apagar a própria existência aparente ser libertadora, ela representa uma triste ilusão baseada estritamente no materialismo, pois, para o espiritismo, a morte do corpo físico, ainda quando provocada pelo suicídio, não representa o fim de nada, visto que o espírito é imortal e continua sua jornada mesmo após o desencarne do corpo material.
O que é o materialismo?
Para entender o suicídio como uma transgressão à Lei Divina, antes é preciso assimilar o processo da reencarnação: ela nada mais é do que uma oportunidade de evolução concedida por Deus para que o espírito possa aperfeiçoar-se intelectualmente e moralmente através de suas experiências no mundo físico. Assim, pode-se dizer que ela é considerada uma dádiva ao espírito, a fim de que este consiga progredir em sua jornada espiritual.
Principais causas do sofrimento, segundo o Espiritismo
Portanto, todas as provas sofridas pelo indivíduo encarnado foram previamente escolhidas e determinadas por ele, em reunião com outros espíritos superiores, para que lhe fosse possível reparar e expiar seus erros cometidos em suas vidas pretéritas, assim como colocar-se a prova em situações novas, de modo que seja proporcionado seu adiantamento na escala evolutiva.
O espiritismo, então, é adepto do entendimento de que o homem não possui o direito de cometer suicídio, ceifando a sua própria vida de forma alguma, mesmo quando diante das aflições mais árduas, cabendo apenas a Deus esse poder.
Frustra-se o indivíduo que pratica o suicídio baseado na crença de que, ao ceifar sua própria vida, alcançará seu tão desejado descanso em paz. A vida após a morte revela ser, portanto, um conceito muito além daquele repercutido aqui na Terra. Nada de regiões paradisíacas para o eterno descanso; nada de um vazio infinito capaz de propiciar uma tranquilidade plena; assim como também nada de castigo perpétuo aos que incidiram na prática do mal enquanto encarnados.
O Além-túmulo é, em sua forma mais intensa, uma mera continuidade da nossa vida terrena, onde praticaremos todo o aprendizado adquirido aqui na Terra e, também, equilibraremos aqueles vícios cometidos na última vida, sempre buscando o aperfeiçoamento pessoal.
Contudo, o processo de transição daqueles que faleceram imbuídos de angústias, mágoas e dramas, tal como aquele que comete o suicídio, ocorre de forma irregular e bastante dolorosa, dado que há a necessidade deles se desprenderem de todo o rancor e desolação que ainda os aprisionam neste mundo material. Assim, muitas vezes estes espíritos vagueiam sem rumo pelo nosso plano terrestre, uns revivendo sucessivamente seus últimos momentos, outros apenas transtornados com seus próprios erros.
Já é de conhecimento comum entre os estudiosos da doutrina espírita que os espíritos desencarnados são atraídos e aglomeram-se em ambientes cujas energias lhes são compatíveis e afins, tal fato fundamenta uma das leis universais: a Lei de Atração ou Afinidade.
Essa lei ainda persiste mesmo àqueles que findaram suas vidas com o suicídio, pois após o desencarne, ao ingressarem no Umbral, estes réprobos agrupam-se pela sintonia de suas energias negativas e perpetuam suas últimas dores e aflições, essa zona é chamada de Vale dos Suicidas.
Esse lugar de trevas é um ambiente vil, lamacento e pecaminoso, lar transitório dos espíritos que cometeram suicídio, arruinando a dádiva da vida proporcionada por Deus, e agora esgueiram-se pela escuridão, cegos pela dor de suas faculdades. Ali, são perseguidos obsessivamente pela visão de seus corpos em decomposição, sentindo as máculas geradas pelo seu ato destrutivo.
Esse processo se repercute até o momento em que, tomados pelo excesso de sofrimento, eles consigam ser capazes de alcançar o arrependimento genuíno de seu suicídio, rogando por uma nova oportunidade. Estes, quando verdadeiros em sua súplica, serão resgatados por uma legião de espíritos superiores e levados à Colônia Espiritual, onde receberão o devido tratamento para que, no momento certo, lhes sejam concedidos mais uma vez a oportunidade de expiar seus erros em uma nova reencarnação.
Contato do CVV: Centro de Valorização da Vida
Após termos informado sobre o que seria o suicídio na visão espírita e suas devidas consequências ao corpo espiritual e ao Divino como um todo, há de se responder: O que fazer se estou pensando em me matar?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou o suicídio como uma das causas de morte que mais tem crescido ao longo dos últimos anos, com ênfase em países como Estados Unidos e Japão, mas não se restringindo a eles, visto que em todo os lugares do mundo tem sido notado esse aumento significativo. O Brasil, por exemplo, é um dos países com maior índice de casos de pessoas com depressão e está em oitavo lugar dentre aqueles com maior número de suicídios relatados.
Sob essa ótica social é possível afirmar que nos dias de hoje as pessoas tem tido uma maior dificuldade em lidar com seus problemas, bem como também com a realidade do mundo em si, em razão disso o suicídio tem sido cada vez mais comum e recorrente. Tendo isso em vista, é plausível que em dado momento nós nos encontremos desamparados, porém, antes de sucumbirmos a este sentimento e nos afogarmos no interior das nossas tristezas precisamos direcionar nosso pensamento ao Divino e rogar pelo seu apoio.
A primeira coisa a ser feita é evitar manter-se isolado, pois o convívio com o próximo e a prática da bondade e da caridade elevam o espírito. Portanto mantenha-se em contato com aquele amigo ou conhecido que lhe faz bem, converse sobre assuntos da vida, pergunte a opinião dele sobre suicídio e, caso se sinta confortável, abra seu coração e confesse o que está sentindo.
Allan Kardec, por intermédio dos espíritos superiores, buscou perguntar no Livro dos Espíritos uma série de questões acerca do tema “Suicídio”. Numa dessas ocasiões indagou acerca do desgosto e da tristeza que tomam conta de determinadas pessoas, pelo qual foi respondido da seguinte forma:
“943. Donde nasce o desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de certos indivíduos?
R: Efeito da ociosidade, da falta de fé e, também, da saciedade. Para aquele que usa de suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente. Ele lhe suporta as vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto obra com o fito da felicidade mais sólida e mais durável que o espera.” (KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos, pergunta 943)
Segundo os espíritos superiores, e a própria psicologia terrena atualmente, a ociosidade por si só é uma grande criadora de pensamentos negativos e distúrbios psíquicos, tais como suicídio e depressão. Portanto, procurar manter a cabeça ocupada ou se esforçar a realizar tarefas do seu dia-a-dia, mesmo que básicas, pode ser essencial para que lhe seja tirado essa sensação.
Por fim, e mais importante, em todos os momentos em que você se encontrar tentado a cometer suicídio ou, de alguma forma, sentir-se sufocado pela dura realidade da vida, rogai a Deus por ajuda, porque ele sempre estará lá para você.
A prece, conforma nos ditames dos bons espíritos, é um instrumento de auxílio e amparo que pode ser atribuído tanto para interesses pessoais quanto de terceiros, dependendo unicamente da fé e da vontade de seu orador. Ela é um ato de adoração, revelando-se como um dos vínculos que nos une ao Senhor, por meio do qual nós agradecemos ou pedimos socorro quando defronte das ocorrências de nossa vida.
Para nós, quando em desequilíbrio, a prece nos guiará ao caminho certo, afastando os pensamentos ruins. Contudo, quando a origem da nossa dor é o mal-estar do outro, ela também se mostra eficaz, porque ao direcionarmos a oração ao próximo, desde que baseada na vontade ardente e sincera de praticar o bem, atrairá para seu atendimento os bons Espíritos, que prontamente socorrerão a pessoa amada. Assim, caso queira ajudar a si mesmo ou algum ente desolado, encarnado ou desencarnado, seja por suicídio ou qualquer outra causa, a oração será sempre o melhor caminho, pois não importa onde ele esteja, receberá a energia das suas palavras como auxílio.